Sou daquelas pessoas que meticulosamente separam o lixo em casa para depositar nos devidos ecopontos, chego a lavar e deixar escorrer no lava-loiças os pacotes de leite e sumos (é o que nos mandam fazer, ou não?!), sei também que não sou a única a ter estes procedimentos!!
Depois de separar em casa, fico ligeiramente furiosa (bem, ou quase!) quando chego ao ecoponto porque, muitas vezes, verifico que está a abarrotar, com caixas de cartão por fora e por dentro, embalagens e outras que tais por todos os lados, num cenário digno de 3º mundo!!
Também me questiono muitas vezes porquê é que ao lado de cada contentor para lixo doméstico (aquele que não é susceptível de reciclar), não existe um ecoponto, ao invés de andarmos todos à procura do que fica mais próximo das nossas residências. Sou eu que estou a pensar mal? Era assim tão mau ter um ecoponto junto de um contentor de lixo "normal", é que quando vamos despejar o lixo que não vai para a reciclagem, normalmente também temos do outro (para reciclar), porque é que temos que o acumular até termos a quantidade suficiente para ir lá longe, onde existe o ecoponto mais próximo?!
Por acaso, ao contrário de surgirem mais ecopontos junto às residências, retiram os que existiam (vá se lá saber porquê!!). Um dia destes qual não foi o meu espanto quando indo eu carregadinha de lixo para reciclar, chego ao sitio do ecoponto mais próximo e ele tinha sumido!!! Não voltou ao lugar! Sumiu de vez (ainda tive esperanças de o voltar a encontrar no mesmo lugar, mas não, tal não sucedeu!
É o lixo orgânico aquele que assume maior volume no total de resíduos sólidos urbanos, no entanto, ainda não existem "ecopontos" para recolha deste lixo (compostagem), que podia servir para produção de adubos orgânicos, terra vegetal, etc. Sei que a Câmara Municipal do Seixal já distribuiu contentores para o depósito deste tipo de lixos orgânicos, em casas que possuiam jardins, desta forma as pessoas colocam através de uma abertura superior, matérias orgânicas (cascas, restos de comidas, folhas, ervas, etc.) e em determinadas condições de calor e humidade é produzida terra vegetal, que se retira na parte inferior do dispositivo. Não sei se já existiram iniciativas destas noutros locais, mas considero uma boa iniciativa.
Coisa gira, sem graça nenhuma, é verificar que muitas vezes, os acessos aos ecopontos são os mais ridículos que se possam imaginar, por vezes estão colocados em zonas de trânsito intenso em que temos de estacionar em cima de passeios (muitas vezes não têm rampas de acesso), fazendo os munícipes uma ginástica intensa para conseguirem estacionar e colocar em segurança o seu lixo para reciclar.
Depois há algumas contradições...por exemplo, nos pacotes de leite está escrito que depois de utilizados se devem espalmar e colocar no contentor amarelo, por sua vez, o contentor azul tem a imagem e o "dizer": pacotes de leite (sem risco por cima), juntamente com revistas, caixas de cartão, etc. afinal, pergunto eu, onde colocamos os pacotes de leite e sumos??
Sugiro que numa aula de formação cívica ou área de projecto se solicite aos alunos que tragam todo o tipo de lixo para reciclar, que o professor traga também, inclusivé algum lixo que possa suscitar dúvidas, tipo papel com químico, papel com agrafes, etc.) e se faça um jogo em que eles tenham de separar o lixo que trouxeram e colocar em ecopontos improvisados na sala de aula (algumas até já têm). Vão, com certeza, surgir dúvidas. Aquelas que nem o professor consiga esclarecer, são uma boa oportunidade para os alunos se esclarecerem junto às entidades locais reponsáveis pela recolha e separação do lixo (visita de estudo, porque não?). Esta também será uma boa ocasião para questionar as entidades responsáveis sobre o que fazer com os "monos" (máquinas de lavar, sofás, etc.), quando os deixar, onde devemos deixar, porque depende da autarquia, há algumas que só fazem a recolha destes lixos em determinados dias e por solicitação do munícipe! (que se vê assim obrigado a telefonar à câmara local e perguntar quando dá jeito aos senhores passarem pelo contentor lá do bairro...! (coisa que se podia evitar com a informação dada num autocolante no próprio contentor, ou coisa do género, acho que está lá gente paga para pensar nestas coisas!!).
Integrado neste jogo da reciclagem, surgem várias possibilidades a "cruzar" com outras áreas disciplinares, por exemplo:
- Matemática: inquéritos na escola, aos alunos, professores, auxiliares...(separa lixo em casa? Como o faz? Tem um ecoponto perto da sua residência? Surgem dúvidas sobre como separar determinados lixos? Etc, etc, etc!! Resultados dos inquéritos a serem tratados com a Estatística, é claro! Os alunos podem ter assim oportunidade para falar e aplicar os conceitos de moda, média, podem usar o microsoft excel para realizarem e visualizarem gráficos, enfim, uma série de possibilidades...
- Português: porque não divulgar os resultados dos inquéritos e fazer um desdobrável informativo sobre como separar o lixo lá em casa e onde depositá-lo nos ecopontos?
- Ciências: tanta coisa sobre a protecção ambiental, das árvores, dos habitats, etc...
Estas áreas disciplinares foram as que me vieram à cabeça, mas porque não, incluir História e Geografia de Portugal (por exemplo: trabalho de pesquisa - como é que as pessoas se livravam dos "lixos" noutros séculos? Iam para o rio? ruas...etc? Havia algum tipo de preocupação? Qual a evolução até aos dias de hoje?...
Acho que já escrevi demais! Desculpem qualquer coisinha e bom resto de Domingo!!
Alguns links sobre o assunto: