Um cantinho para sonhar, desabafar, partilhar, divulgar, voar, sorrir, emocionar...o meu cantinho secreto!

Foto tirada pela girafa antes de se transformar em Nenúfar...na vida real - Lago de Jardim em Mafra.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Uma Aula de Formação Cívica


A minha turma hoje (e de alguns dias para trás) está agitada, conversadora, ansiosa...falam todos ao mesmo tempo, põem o dedo no ar e perguntam sem esperar a ordem de intervenção, enfim, um reboliço que só visto!!

Fiquei assim desiludida quando saí da aula, e agora estou cá a magicar ideias de controlar as participações. Não é que elas sejam más, são miúdos que gostam de aprender, estudam e estão motivados (embora haja sempre dois ou três que desconcentram-se e desconcentram outros), mas tenho que de alguma forma acalmar tanta vontade de falar...

Hoje em formação cívica falamos da resolução de conflitos, falamos o que é importante ter em conta quando surgem os ânimos agitados...

Um deles a propósito da ilustração de uma imagem de conflito, imaginou uma história muito criativa...tratava-se de duas crianças que discutiam porque queriam comer as bolachas do mesmo pacote...as bolachas eram poucas e argumentavam querê-las só para eles, sem as partilhar...

O M. inventou mais ou menos assim:

"João e Joana discutiam e ralhavam um com o outro enquanto o pacote saltava de mão e mão. Cairam no chão as bolachas todas e um pássaro comeu-as (regalado), nisto passa um avião e deixa cair um pacote de bolachas com duas (precisamente), partilharam desta vez, pois está claro!!"

A história não está exatamente como ele a contou, mas o que interessou foi que o conteúdo e a imaginação saltaram à vista, e estamos a falar de um aluno que tem tido alguns problemas de comportamento...elogiei-o claro, disse-lhe até que seria excelente colocar algumas destas histórias numa espécie de portfólio da turma... (riu-se e disse: "tenho vergonha professora" :-)))

E sou eu professora de Matemática :-))) bem...podemos por sempre a quantidade de gasolina que o avião tinha no depósito, ou encher o pacote e dividir por dois (:-)))

P.S - estou na fase de me adaptar ao novo acordo ortográfico, pelo que algumas palavras com "c" e "p" atrás vão deixar de ser escritas assim (coisa que me faz pensar logo em "erro" a mim e ao meu computador que faz logo o sublinhado a vermelho!!)

2 comentários:

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Caríssima amiga,

Só agora se começa a perceber em termos pedagógicos a importância de se voltar à disciplina q.b. e a uma dose mínima de conhecimentos e de memorizações essenciais a aprendizagens úteis ao longo da vida. Veja-se a introdução Testes Intermédios alargados a várias disciplinas do ensino básico.

Quando as intervenções dos estudantes são desordenadas por vontade participativa a problemática poderá ser resolvida com a criação de bons hábitos, mas quando aparecem à nossa frente, não propriamente "bons selvagens" na visão ingénua de J.J.Rousseau ou de alguns pedagogos da "Escola Nova", um bando de "maus selvagens" com naturezas talhadas pela maldade intrínseca ou adquirida a transmissão de competências sociais, cívicas e morais é claramente um trabalho muitas vezes inglório.

Concordo que essa intervenção humanista dos pedagogos faz todo o sentido quando há "bom fundo" nos estudantes o que se depreende intuitivamente, mas quando a matéria-prima é demasiado dura ( alunos rebeldes e distorcidos ) torna-se quase impossível o seu burilamento.

Obrigado, caríssima amiga, por este importante momento de partilha pedagógica!

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferao.blogs.sapo.pt

Nenúfar Cor-de-Rosa disse...

Caro colega Nuno: Ainda assim...ainda nos casos em que temos gentes difíceis de "domar", gentes que por histórias de vida particulares lá para trás algures, não têm regras, nem limites, nem afetos, nem quase nada...meninos que muitas vezes não o foram, adultos que se vislumbra serem marginais ou lá perto...ainda assim...há sempre algo que tu podes fazer, pouco que seja, mas há sempre alguma coisa que entra e se fores persistente desse modo de ser e se lhes mostrares interesse pelos seus interesses, se lhes falares em tom suave mesmo quando insistem em berrar e não ter modos...eles tocam-se pela diferença, sentem que alguém lhes tenta tocar de algum modo...por isso, não desistas de acreditar que podes tens que fazer a diferença na sua formação :-))